Agronegócio sustenta o saldo da balança comercial brasileira
Impulsionado pelas exportações de carne, café, milho e açúcar, o agronegócio brasileiro segue como pilar fundamental para o saldo positivo da balança comercial do país. As transações internacionais de produtos do setor agropecuário devem alcançar impressionantes US$ 126,8 bilhões em 2025, de acordo com projeções de especialistas. Este valor equivale a quase o dobro do saldo total da balança comercial brasileira, estimado em US$ 67 bilhões.
A relação entre o saldo comercial do agronegócio e o desempenho geral da balança não era tão expressiva desde 2022, quando a contribuição do setor foi duas vezes maior que o saldo total. Para 2025, a expectativa é que essa proporção volte a se consolidar, evidenciando o protagonismo do agronegócio no cenário econômico nacional.
Fatores de Fortalecimento do Agronegócio
O fortalecimento do agronegócio se deve a fatores como a valorização das commodities, o crescimento acelerado de economias asiáticas, como a China, e a liquidez global alimentada por políticas de estímulo econômico após a pandemia. Os programas de transferência de renda implementados por diversos países estimularam a demanda por matérias-primas e elevaram os preços das commodities. Isso tem ajudado o desempenho das exportações do agronegócio brasileiro.
Os Desafios da Dependência do Agronegócio
Embora o desempenho do agronegócio traga benefícios imediatos, como o fortalecimento das reservas internacionais, especialistas alertam para os riscos de longo prazo. A forte dependência do Brasil na exportação de commodities limita o dinamismo da economia e a geração de empregos qualificados. A estrutura exportadora brasileira reflete a baixa agregação de valor, exportamos o que o mercado externo deseja, sem definir preços ou estratégias, o que acaba reduzindoa capacidade de gerar empregos qualificados e inovações tecnológicas.
Fragilidade Industrial e Perspectivas
A dificuldade da indústria nacional em competir no mercado externo é explicada por fatores estruturais, como juros elevados e falta de políticas direcionadas ao setor.
Já no setor de petróleo e derivados, que superou a soja como principal produto exportado do país em 2024, espera-se um superávit de US$ 21,1 bilhões, mantendo o mesmo patamar do ano anterior. No caso dos bens intermediários, a projeção é de equilíbrio, com exportações e importações girando em torno de US$ 83,5 bilhões.
Oportunidades e Alternativas
Embora o agronegócio desempenhe um papel crucial no equilíbrio da balança comercial, especialistas reforçam a necessidade de diversificar a pauta exportadora brasileira. Investimentos em tecnologia, infraestrutura e inovação poderiam fortalecer setores industriais e gerar empregos de alta qualificação, senão o Brasil seguirá refém das oscilações do mercado internacional de commodities, limitando seu potencial de crescimento econômico e sua competitividade global.
A balança comercial brasileira, sustentada pelo agronegócio, reflete tanto uma vantagem estratégica quanto uma fragilidade estrutural. Para assegurar um futuro mais equilibrado e sustentável, o país precisará superar os desafios impostos pela dependência de matérias-primas e buscar maior valor agregado em suas exportações.