Os efeitos dos ataques verbais à China chegaram aos exportadores de carne
Os exportadores brasileiros de carne bovina estão pagando um preço alto pela série de comentários de teor agressivos, irônicos e xenofóbicos feitos por representantes do Executivo Federal que sem alarde ou menção explícita a tais episódios, o governo da China suspendeu as importações de carne bovina brasileira que culminaram em queda de 43% das vendas externas de em Outubro.
Ademais, os embarques estão suspensos e a China não emitiu nenhum sinal sobre quando pretende voltar a importar a carne brasileira.
Fontes ligadas ao setor comentaram o embargo chinês à carne bovina brasileira em condição de anonimato. Uma dessas fontes, com vasta experiência em Comércio Exterior e profundo conhecimento das relações sino-brasileiras afirmou que ?a resposta chinesa era mais que esperada por todos aqueles que conhecem um pouco da cultura do país asiático e de suas relações internacionais. E ela veio de forma silenciosa e em tom diplomático. Sem estardalhaço, os chineses usaram o pretexto da detecção pelo Brasil de dois casos atípicos de vaca louca e da suspensão pelo governo brasileiro das exportações da carne bovina para interromper as importações e não demonstram nenhuma pressa em rever essa decisão. Os efeitos da escalada verbal irresponsável já são duramente sentidos pelo setor e o prejuízo é incalculável?. De acordo com a fonte. ?a interrupção das importações é um claro gesto político que traz em si uma mensagem cristalina e insofismável: limites foram ultrapassados, agressões se repetiram à exaustão e a fatura chegou. Mas a movimentação diplomática de Pequim tem também um componente e uma motivação econômica: as importações só devem ser retomadas quando os preços recuarem a um patamar que interesse à China voltar a adquirir o produto brasileiro. Quando isso vai acontecer, só o governo chinês sabe?.
Segundo a Abrafrigo, as exportações totais de carne bovina (envolvendo o produto in natura e processados) movimentaram 108.630 toneladas em outubro, obtendo-se uma receita de US$ 541,6 milhões, a partir de dados da Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério da Economia, compilados pela entidade. Com a ausência da China, o maior importador do produto, houve queda de 43% no volume e de 31% na receita em relação ao mesmo mês de 2020. No ano passado a movimentação de outubro foi de 189.575 toneladas e a receita US$ 790,18 milhões.