Atrasos nos principais portos brasileiros evidenciam limitações estruturais
Em maio de 2024, 216 navios para exportação de café sofreram atrasos ou alterações de escalas nos principais portos do Brasil. O maior prazo registrado foi de 24 dias nos terminais do Rio de Janeiro (RJ), de acordo com o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pelo Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
No Porto de Santos (SP), principal escoador do café brasileiro, foi observado o maior percentual de atrasos, com 78% dos navios (97) sofrendo alterações em suas escalas, sendo que o maior prazo de atraso foi de 22 dias.
Em maio, apenas 9% dos procedimentos de embarque tiveram um prazo superior a quatro dias de gate aberto por navios no terminal de Santos, o menor índice registrado desde o início do levantamento em janeiro de 2023. Cerca de 56% dos embarques tiveram entre três e quatro dias, e 35% menos de dois dias. Adicionalmente, 32 navios não tiveram nenhuma abertura de gate no mês.
Santos sempre se destacou como o principal exportador dos cafés do Brasil, mas os investimentos modestos para os embarques de cargas conteinerizadas não foram suficientes para acompanhar a evolução do comércio exterior brasileiro, especialmente no agronegócio.
O complexo portuário do Rio de Janeiro, o segundo maior exportador dos cafés do Brasil, com 27,5% das remessas no acumulado deste ano, registrou um índice de atrasos de 44% em maio de 2024, envolvendo 37 dos 84 navios destinados às exportações de café. No total, 24% dos procedimentos de exportação no Rio tiveram prazo superior a quatro dias de gate aberto por porta-contêineres; 41% tiveram entre três e quatro dias; e 35% menos de dois dias.
Esses resultados nos dois principais complexos exportadores dos cafés do Brasil reforçam as limitações de infraestrutura e a falta de espaços físicos nos portos de Santos e Rio de Janeiro, contribuindo para os atrasos de navios e alterações de deadlines. Isso gera custos extras não previstos às empresas exportadoras com armazenagem adicional e deadlines. Essas limitações, que reduzem a dinâmica e a celeridade na movimentação de cargas, também são observadas em diversos outros portos do Brasil, o que sobrecarrega e contribui para os atrasos nos principais portos embarcadores do café.
Autoridade Portuária de Santos demonstrou um grande interesse na busca de soluções que reduzam esses riscos, mas são necessárias uma reflexão mais profunda e a ampliação do debate, porque o porto santista vem demonstrando sinais de esgotamento. Considerando o cenário previsto para o segundo semestre, com maior movimentação de cargas conteinerizadas, os desafios serão ainda maiores, uma vez que não há a capacidade e o contingente adequado para dar tranquilidade ao comércio exterior brasileiro.