Setor portuário critica entraves logísticos e cobra avanços em infraestrutura no Brasil
Durante o Fórum da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Carga (Anut), realizado no dia 26 de junho, representantes do setor portuário fizeram duras críticas à atual infraestrutura logística do Brasil. O evento reuniu especialistas e entidades ligadas ao transporte de cargas, que alertaram para os sérios gargalos que afetam a eficiência e a competitividade do comércio exterior nacional.
Um dos principais pontos abordados foi a construção do novo terminal de contêineres no Porto de Santos, o STS10. Segundo os participantes, embora importante, o projeto isolado não será capaz de resolver os desafios estruturais enfrentados pelos portos brasileiros.
O Brasil poderia dobrar sua movimentação de cargas em menos de uma década, caso houvesse investimentos adequados em infraestrutura. No entanto, a licitação do terminal STS10, iniciada em 2019, ainda não avançou de forma concreta, prejudicando o setor produtivo que depende da fluidez logística para manter sua competitividade.
A capacidade do Porto de Santos não é ampliada há 10 anos. Como resultado, metade dos novos modelos de navios produzidos mundialmente não conseguem operar no terminal. A limitação compromete diretamente a eficiência da cadeia logística, impactando inclusive outros portos brasileiros, já que Santos costuma ser o ponto inicial de descarga para embarcações com excesso de carga.
Outro dado preocupante foi apresentado pelo Conselho de Exportadores de Café do Brasil (Cecafe) que revelou prejuízos de R$ 76 milhões somente em 2025, causados por atrasos nos embarques. A consequência, segundo ele, é a necessidade de frear o crescimento do setor produtivo para evitar custos portuários elevados.
O Ministério de Portos e Aeroportos afirmou, por meio de nota, que está ciente dos gargalos logísticos e que a modernização de terminais exige, em média, cinco anos até que operem com capacidade básica. O governo declarou ainda que tem acelerado processos abandonados para atender às prioridades do setor logístico nacional.