Mudança tributária pode encarecer operações logísticas no comércio exterior
A reforma tributária brasileira, em fase de regulamentação, promete transformar a lógica de planejamento fiscal e logístico das empresas que atuam com importação e comércio exterior. Embora o objetivo do novo sistema seja simplificar tributos, especialistas alertam para os impactos diretos nos custos operacionais e na competitividade.
Unificação de impostos e seus impactos na logística internacional
O modelo atual será substituído por dois novos tributos:
- CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços)
- IBS (Imposto sobre Bens e Serviços)
Na prática, eles substituirão PIS, Cofins, ICMS e IPI, exigindo das empresas uma readequação em sua gestão tributária e no fluxo de caixa. Esse redesenho pode afetar diretamente a cadeia de suprimentos e os custos logísticos de importação.
Fim dos incentivos fiscais estaduais
Um dos pontos mais críticos é a extinção dos benefícios fiscais estaduais até 2032, sem a possibilidade de criação de novos. Incentivos como:
- TTD 410 (Santa Catarina)
- Invest (Espírito Santo)
- TTS Corredor de Importação (Minas Gerais)
foram fundamentais para atrair empresas e reduzir custos de operações internacionais. Com o fim desses regimes, muitas companhias precisarão rever sua estratégia logística e fiscal.
Tributação no destino: novos desafios para importadores
Outro fator que exigirá adaptação é a mudança na regra de tributação. O IBS e a CBS passarão a ser cobrados no destino da mercadoria, o que pode gerar complexidades adicionais em operações triangulares e importações indiretas.
Essa alteração pode impactar desde o cálculo de impostos até a forma de organizar contratos internacionais de compra e venda.
Margens reduzidas e preços pressionados
A ampliação da base de cálculo e a eliminação de incentivos tendem a reduzir as margens das empresas importadoras e exportadoras, o que pode se refletir no aumento do preço final dos produtos.
Impactos para as trading companies
As trading companies também sentirão os efeitos da mudança. O novo modelo fiscal deve favorecer operações diretas entre fornecedores estrangeiros e compradores finais, reduzindo a atratividade das modalidades por conta e ordem e por encomenda.
Planejamento tributário e logístico como diferencial competitivo
Diante desse cenário, o planejamento tributário e logístico ganha papel estratégico. Entre as medidas recomendadas, estão:
- Analisar corretamente a incidência dos novos impostos;
- Identificar oportunidades de créditos fiscais;
- Redesenhar rotas e fluxos logísticos para reduzir custos.
A transição exigirá das empresas agilidade e adaptação. Quem se antecipar às mudanças terá mais chances de preservar a competitividade no comércio exterior.