Gargalos de logística afetam safra recorde brasileira
O Brasil colheu 345 milhões de toneladas de grãos na safra 2024/25, mas só tem capacidade de armazenar 63% do total. Os outros 37% não têm onde ser guardados, segundo a Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Em Mato Grosso, estado responsável por 105,6 milhões de toneladas de milho e soja, cerca de 60% da produção segue por rodovias, como a BR-163, onde 380 dos 655 km entre Sinop e Rondonópolis estão em duplicação.
A via, construída nos anos 1970, tem trechos ainda em pista simples e tráfego diário de 79 mil veículos, dos quais 60% são caminhões.
Um caminhoneiro levou cerca de 8 horas para percorrer 400 km entre Diamantino e Rondonópolis com 38 toneladas de milho. No trajeto, gastou R$ 210 em pedágios. Ele relatou que já demorou até quatro dias para conseguir descarregar.
Como alternativa, a Rumo e o governo estadual estão construindo a Ferrovia Estadual de Mato Grosso, com 740 km entre Rondonópolis e Lucas do Rio Verde, passando por 16 municípios e incluindo um ramal até Cuiabá.
O trecho inicial deve operar em 2026, com capacidade para 10 milhões de toneladas por ano. O projeto já recebeu R$ 4 bilhões e deve contar com mais R$ 1 bilhão.
A Aprosoja e a CNA apontam como solução a Ferrogrão, ferrovia de 933 km entre Sinop (MT) e Miritituba (PA), com potencial de reduzir em 20% o custo logístico - R$ 8 bilhões por ano - e absorver a produção projetada de 144 milhões de toneladas em 2034. O projeto aguarda análise da ANTT para depois seguir ao TCU e, posteriormente, ao leilão.
A pasta aponta ainda o Corredor Fico-Fiol, com 1.708 km, que está em fase final de ajustes, mas ainda sem prazo para funcionamento.