Reflexos da tensão entre Rússia e Ucrânia nos mercados Nacional e Internacional
Especialistas sinalizam que investidores brasileiros e os setores econômico produtivos precisam estar atentos aos impactos da tensão entre os dois países.
O presidente americano, Joe Biden, segue afirmando que a Rússia poderá invadir a Ucrânia e promete sanções caso isso ocorra. Do lado russo, Vladimir Putin reconheceu territórios separatistas em uma estratégia para viabilizar um possível ataque.
A tensão entre esses dois países vem a impactar o Mercado Internacional e Nacional, na medida em que o petróleo WTI saltou para US$ 83,87 e o barril para US$ 93,95 em seus contratos futuros, uma alta de 12,02%. Já o ouro, tradicional seguro para crises e guerras, saiu de US$ 1.790,50 por onça-troy para US$ 1.903,50, também se beneficiando do aumento do medo da inflação nos EUA.
Para os mercados russos a situação foi ainda mais devastadora: o MOEX e o RTSI, dois dos principais índices do país, saíram de 4.155,24 pontos para 3.036,88 e de 1.838,95 pontos para 1.207,50 pontos, respectivamente, baixas de -26,91% e -34,34% no período.
Em 2021, a Rússia foi a principal fornecedora de cloreto de potássio para o Brasil em valor transacionado, com US$ 1.444.217.232,45 (34,11% do total), e a segunda em peso transacionado com 3,84 mil toneladas (29,11% do total). De acordo com Helmuth Hofstatter Filho, CEO da Logcomex, "Quando falamos em comércio exterior, a Rússia, sem dúvidas, é um dos principais parceiros comerciais brasileiros?ao longo dos últimos anos. Só no ano passado, o país estava em décimo lugar entre os países que o Brasil mais importou". Entre os principais produtos estão os insumos para a produção de fertilizantes.
Segundo Helmuth, isso é motivo de alerta. "Se analisarmos os principais produtos importados da Rússia, vemos cloretos de potássio, amônio e uréia, que são componentes importantes para a produção de fertilizantes. Dessa maneira, caso o conflito acarrete na redução do fornecimento desses suprimentos, a tendência é o setor do agronegócio sofrer com isso".
Ademais, a Rússia é um dos principais produtores de trigo e milho do mundo, o que poderia acarretar diretamente na vida do produto e consumidor brasileiro. "Caso o conflito faça com que o fornecimento dessas commodities seja freado, o produto brasileiro ganha, já que o preço delas deve encarecer. Por outro lado, o consumidor perde, já que com as mercadorias sendo vendidas para o exterior a oferta no Brasil fica mais escassa", explica Helmuth.