Brasil recebe tarifa mínima dos EUA, mas produtos de aço seguem com taxação de 25%
O governo dos Estados Unidos, sob a gestão do presidente Donald Trump, determinou uma tarifa mínima de 10% para o Brasil no novo pacote de medidas comerciais. Apesar da alíquota reduzida, produtos como ferro, aço e semiacabados de aço - entre os principais itens da pauta exportadora brasileira para os norte-americanos - continuam sendo taxados em 25% desde 12 de março.
A medida não agradou o governo brasileiro, que manifestou oficialmente preocupação com o impacto nas exportações e no equilíbrio comercial bilateral. Em nota, o Planalto destacou que os próprios dados do governo americano mostram um superávit comercial dos EUA com o Brasil de US$ 410 bilhões nos últimos 15 anos, o que contradiz a justificativa de desequilíbrio nas trocas comerciais usada por Trump.
Reações do setor industrial e comercial
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) também expressou preocupação com as novas tarifas. A entidade ressaltou que para cada R$ 1 bilhão exportado para os EUA, são gerados mais de 24 mil empregos no Brasil, além de uma massa salarial de R$ 531,8 milhões e uma produção econômica de R$ 3,6 bilhões.
Diante do cenário, a CNI anunciou que uma missão empresarial brasileira viajará aos EUA em maio para discutir a abertura de mercados e medidas de facilitação de comércio com representantes da indústria e do governo norte-americano.
Já a FecomercioSP (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo), embora lamente a política protecionista adotada pelos EUA, vê uma janela de oportunidade para o Brasil ampliar sua atuação no comércio internacional. A entidade sugere o fortalecimento das relações com China, Japão e União Europeia, mercados estratégicos para as exportações brasileiras.
Lei de reciprocidade: resposta brasileira em andamento
Como resposta às novas taxações, o Congresso Nacional aprovou o projeto de lei que institui a Lei da Reciprocidade Tarifária e Ambiental, permitindo ao Brasil aplicar tarifas semelhantes a países que adotem barreiras comerciais injustas.
A sanção presidencial está prevista e o governo considera o tema como prioridade. A medida busca proteger o setor produtivo nacional e equilibrar a competitividade no comércio exterior, promovendo condições mais justas para exportação e importação.
Impactos na logística e no comércio exterior
Com a mudança nas tarifas de importação, empresas brasileiras que exportam para os EUA devem redobrar a atenção ao custo logístico, tempo de entrega e à documentação necessária para garantir a competitividade de seus produtos no mercado norte-americano. Setores como o siderúrgico, metalúrgico, automotivo e de base mineral estão entre os mais afetados.