Exportações de calçados para Liga Árabe registram queda no primeiro quadrimestre
As exportações de calçados brasileiros para os países da Liga Árabe sofreram uma queda significativa no primeiro quadrimestre de 2024, conforme relatório divulgado pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados). Entre janeiro e abril, as vendas para os 22 países árabes do Oriente Médio e norte da África somaram US$ 9,53 milhões, representando uma redução de 31,9% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Em termos de volume, a queda foi ainda mais acentuada, com uma redução de 35,6%, totalizando 897.249 pares de calçados vendidos ao bloco árabe. No entanto, um ponto positivo foi o aumento do preço médio por par, que subiu 5,6%, atingindo US$ 10,60. Os maiores aumentos foram registrados nos calçados têxteis (23,3%) e nos chinelos (31,6%).
Competição Agressiva dos Fabricantes Chineses
De acordo com a Abicalçados, a queda nas exportações reflete a competição agressiva dos fabricantes chineses, que têm se esforçado para recuperar clientes perdidos durante a política de covid zero na China. Essa política, em sua fase mais aguda, inviabilizou temporariamente as exportações chinesas, permitindo que os fabricantes brasileiros ganhassem espaço no mercado.
Apesar da redução nos embarques, o calçado brasileiro continua em demanda no Oriente Médio, com destaque para as sandálias de couro masculinas. Durante a feira, enquanto concedia entrevista à Agência de Notícias Brasil-Árabe (ANBA), o representante da Abicalçados, José Pontin, mencionou que um grupo de compradores árabes, representando nove importadores da região, estava presente no evento em busca de novos produtos.
Perspectivas para o Mercado de Exportação e Interno
A Abicalçados projeta uma queda nas exportações de calçados entre 6% e 9% em pares para o final de 2024. Essa previsão considera a competição chinesa, a menor demanda nos Estados Unidos, que é o maior comprador de calçados brasileiros, e a recessão na Argentina, que é o segundo maior importador.
Em contrapartida, o mercado interno deve compensar parte dessa queda, mantendo o setor em equilíbrio. Com o aumento dos níveis de emprego e renda no Brasil, a Abicalçados prevê um crescimento entre 2% e 3,4% na demanda local. A produção também deve crescer, com uma estimativa de aumento entre 0,9% e 2,2%, alcançando 870 milhões de pares.
Apesar de algumas interrupções na produção em parte das fábricas, a Abicalçados espera uma retomada significativa. Em maio, a produção nas fábricas do Rio Grande do Sul deve voltar a 90% dos níveis históricos para o mês. As chuvas, que afetaram parte das instalações, impactaram cerca de sete mil trabalhadores do setor no estado, de um total de 120 mil.