Porto de Santos enfrenta aumento de custo logístico com alta na importação de carros elétricos
O Porto de Santos, uma das principais portas de entrada para importações no Brasil, está enfrentando um aumento significativo no custo logístico devido ao crescente número de veículos elétricos importados, especialmente da China. Este aumento na importação de carros, impulsionado pela antecipação das montadoras em relação ao reajuste de impostos de importação, tem gerado uma escalada nos custos de frete e impactado a logística de outros produtos.
O primeiro semestre de 2024 viu um aumento expressivo na importação de veículos elétricos, principalmente da fabricante chinesa BYD. Esse movimento foi motivado pela corrida das empresas para trazer esses carros ao Brasil antes que os novos impostos de importação entrassem em vigor em 1º de julho. As novas alíquotas agora variam de 18% a 25%, dependendo do tipo de veículo, um aumento substancial em relação aos 10% anteriores.
Impactos no Frete Marítimo
O aumento no volume de importações não só ocupou mais espaço nas embarcações, como também elevou os preços do frete marítimo. O custo do transporte de um contêiner da China para o Brasil, que no início do ano era de cerca de US$ 3 mil, subiu para aproximadamente US$ 10 mil. Esse aumento está impactando diretamente o preço de outros produtos importados, os de menor valor agregado.
Consequências Tributárias
Além do aumento no custo do frete, o valor final dos produtos importados também está sendo afetado pelo efeito cascata na base de cálculo dos impostos de importação. Como o frete marítimo faz parte dessa base, o aumento dos custos de transporte está elevando os valores de Imposto de Importação (II), Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), PIS/COFINS, ICMS e o Adicional ao Frete para Renovação da Marinha Mercante (AFRMM).
Diante desse cenário, algumas soluções logísticas estão sendo consideradas, como a busca por rotas com maior tempo de trânsito, que geralmente oferecem preços mais baixos, e a utilização de contêineres alternativos, como os refrigerados desligados (NOR), que costumam ser mais baratos.
O aumento dos impostos de importação e os custos logísticos crescentes podem, por outro lado, impulsionar a produção local de veículos elétricos. Já há movimentos nesse sentido, com a gigante chinesa BYD planejando fabricar alguns de seus modelos em Camaçari, Bahia.
Embora o aumento das importações de carros elétricos esteja pressionando os custos logísticos e impactando diversos setores, essa situação também pode gerar oportunidades para a indústria automotiva nacional. Com políticas governamentais focadas na sustentabilidade e inovação, o Brasil tem o potencial de se tornar um player significativo na produção de veículos elétricos, aproveitando suas capacidades produtivas e diversificação energética