Rentabilidade das exportações cai e acende alerta para perda de competitividade do Brasil
A rentabilidade das exportações brasileiras apresentou queda de 7,7% em agosto, na comparação com o mesmo período de 2024, segundo dados divulgados pelo FGV-IBRE. Apesar de o acumulado de 2025 ainda indicar leve alta de 0,9%, os números sinalizam uma trajetória de enfraquecimento da competitividade internacional das empresas brasileiras.
Câmbio valorizado e custos internos afetam margens de lucro
A combinação entre valorização do real frente ao dólar e aumento dos custos domésticos de produção tem reduzido significativamente as margens de lucro dos exportadores. Desde janeiro, o real já se valorizou 9,4% em relação ao dólar, o que encarece os produtos brasileiros no exterior e reduz as receitas em reais.
Nos primeiros oito meses de 2025, os custos de produção subiram 5,9%, enquanto o preço médio das exportações caiu 2,4%. Essa discrepância indica que os ganhos com o comércio exterior estão cada vez mais comprimidos, mesmo diante de um superávit comercial.
Setores mais impactados pela perda de competitividade
De acordo com o levantamento, os setores mais afetados foram:
- Minerais metálicos: queda de 10% na rentabilidade;
- Papel e celulose: retração de 9,7%;
- Pesca e aquicultura: redução de 8,7%.
Especialistas destacam que, embora alguns segmentos se beneficiem de um câmbio valorizado na compra de insumos importados, a maior parte das exportações brasileiras ainda depende do dólar para garantir rentabilidade, o que torna o cenário atual desafiador.
Influência externa e política econômica dos EUA
Analistas afirmam que as políticas econômicas do governo Trump, associadas à desvalorização global do dólar, devem intensificar a pressão sobre as exportações brasileiras até o fim de 2025.
Esses fatores reduzem os preços médios de embarque e aumentam a incerteza no comércio bilateral com os Estados Unidos, um dos principais parceiros comerciais do Brasil.
Perspectivas e medidas para recuperar competitividade
Segundo o FGV-IBRE, sem ajustes cambiais e reformas estruturais, o país pode perder competitividade externa mesmo mantendo saldo positivo na balança comercial. O órgão recomenda a aceleração das políticas de promoção comercial e internacionalização de empresas brasileiras, como forma de compensar o ambiente cambial desfavorável.
O cenário é de alerta para o setor exportador, já que a rentabilidade pode se aproximar de zero até o final de 2025, especialmente diante da queda dos preços internacionais de commodities e da inflação persistente no setor de serviços.