Setor de transporte critica nova metodologia de rastreamento de agrotóxicos do governo federal
Uma audiência pública realizada na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados gerou debate sobre a nova metodologia de rastreamento de agrotóxicos proposta pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa). Representantes do setor de transporte manifestaram preocupação com o possível aumento de custos logísticos e a falta de diálogo prévio com o setor produtivo.
A proposta pode repetir problemas já enfrentados em São Paulo, onde a implantação de um sistema estadual de rastreamento elevou significativamente as despesas das empresas. No estado de São Paulo, a tarifa para a licença de transporte de produtos potencialmente perigosos passou de R$ 16 para R$ 600 por veículo. Se algo semelhante ocorrer em nível nacional, teremos um impacto expressivo em toda a cadeia logística.
A principal crítica dos transportadores é que o modelo foi desenvolvido sem ampla discussão com as entidades representativas do setor, o que, segundo eles, pode gerar burocracias adicionais, elevação de custos operacionais e perda de competitividade.
Por outro lado, o secretário-executivo do Mapa, Irajá Rezende de Lacerda, defendeu a proposta e destacou que o novo sistema trará avanços em rastreabilidade e segurança. Ele defende que o modelo utilizará integração de dados federais, estaduais, municipais e privados, com base em um sistema criptografado e QR code único para cada produto. O objetivo é padronizar informações, aumentar a eficiência da gestão pública e coibir crimes tributários, sanitários e ambientais, além de combater o contrabando e a falsificação de defensivos agrícolas.
Apesar da justificativa técnica, representantes do transporte e da logística reforçam a necessidade de diálogo e de uma análise de impacto econômico mais detalhada, antes da implementação definitiva da nova metodologia.
O tema deve continuar em debate nos próximos meses, à medida que o governo avance na regulamentação e os setores afetados apresentem propostas de ajuste para equilibrar segurança, rastreabilidade e viabilidade operacional.