Exportações brasileiras para os EUA crescem em abril, mesmo com novas tarifas
Mesmo diante das novas barreiras tarifárias impostas pelo governo dos Estados Unidos, as exportações brasileiras para o país norte-americano cresceram 21,9% em abril, somando US$ 3,57 bilhões. No mesmo período, as importações brasileiras provenientes dos EUA também apresentaram crescimento de 14%, totalizando US$ 3,79 bilhões. Os dados revelam que, apesar do aumento de tarifas, o comércio exterior entre os dois países segue aquecido.
Antecipação e incertezas impulsionam exportações
O crescimento das exportações está diretamente relacionado à antecipação de compras por parte das empresas norte-americanas. A insegurança quanto a novas retaliações ou aumentos tarifários fez com que importadores dos EUA acelerassem seus pedidos junto a parceiros brasileiros.
Entre os principais produtos embarcados para os EUA em abril, destacam-se:
- Óleos brutos de petróleo
- Café
- Aeronaves
- Carne bovina
Por outro lado, as exportações de aço e alumínio - que já enfrentam uma tarifa de 25% desde março - registraram queda significativa, de 23,2% e 73%, respectivamente, em relação ao mesmo mês de 2024.
Exportação de carne bovina dispara, mesmo com tarifas elevadas
Um dos destaques da balança comercial entre Brasil e Estados Unidos foi a alta histórica nas exportações de carne bovina. Em abril, o Brasil vendeu aproximadamente 48 mil toneladas do produto ao mercado americano, mesmo após a aplicação de uma nova tarifa de 10%.
A alta representa um crescimento de quase 1.000% em relação ao ano anterior, superando o limite da cota anual de 65 mil toneladas imposta pelos EUA - atingida já em janeiro. Desde então, além da tarifa de 26,4%, passou a vigorar uma sobretaxa adicional de 10%. Ainda assim, a demanda se manteve forte.
Esse aumento é explicado por uma grave escassez de gado nos EUA, que levou os americanos a intensificar as importações de carne, especialmente do Brasil.
Brasil pode se tornar maior produtor mundial de carne bovina
Com o atual cenário, analistas preveem que o Brasil poderá ultrapassar os EUA como maior produtor mundial de carne bovina até 2026. A dificuldade americana em recompor seu rebanho e a alta eficiência produtiva brasileira contribuem para esse avanço.
A China, principal parceira comercial do Brasil no setor, também aumentou em 12% suas compras de carne brasileira no mesmo período. A expectativa é de que novos frigoríficos brasileiros sejam habilitados para exportação ao mercado chinês em 2025, após a conclusão de investigações de salvaguarda conduzidas por Pequim.
Apesar das novas tarifas impostas pelo governo Trump, o Brasil segue fortalecido nas exportações para os Estados Unidos, especialmente em segmentos estratégicos como o de carnes, petróleo e café. A diversificação de mercados e a alta demanda americana têm contribuído para manter o desempenho positivo do comércio exterior brasileiro.