Tarifaço de Trump pode afetar valor do pneu no Brasil
O setor de pneus no Brasil já vem enfrentando desafios no primeiro trimestre de 2025, e o cenário pode se agravar com os impactos das novas tarifas anunciadas pelos Estados Unidos. Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (Anip), o comércio de pneus industrializados caiu 3,1% em comparação ao mesmo período de 2024, enquanto o mercado de reposição teve queda ainda mais significativa, com recuo de 9,2%.
Esse enfraquecimento no mercado doméstico preocupa ainda mais diante do tarifaço imposto pelo governo americano, que aumentou substancialmente as tarifas sobre produtos importados, incluindo os pneus fabricados em países asiáticos. A medida pode mudar o fluxo global de importação e exportação no setor, com efeitos diretos sobre a logística e os preços de pneus no Brasil.
Ameaça de aumento nas importações asiáticas
De acordo com a Anip, a concorrência com pneus asiáticos vendidos abaixo do custo de produção nacional já é uma realidade que pressiona a indústria brasileira há pelo menos quatro anos. Com a imposição de tarifas mais altas pelos EUA sobre os pneus desses países, existe o risco de que esses produtos sejam redirecionados para o Brasil, ampliando ainda mais a oferta de pneus importados no mercado nacional.
Essa mudança pode, por um lado, baratear os preços para o consumidor brasileiro, já que o aumento na oferta tende a derrubar os preços. Por outro lado, ela agrava a concorrência para os fabricantes locais, dificultando a manutenção de margens e empregos no setor. Hoje, o Brasil conta com 21 fábricas de pneus de 11 fabricantes, empregando diretamente cerca de 32 mil pessoas e mais de 500 mil indiretamente.
Oportunidade para exportações brasileiras
Por outro lado, o tarifaço de Trump pode abrir uma janela de oportunidade para a indústria nacional. Com a sobretaxa menor imposta ao Brasil e um cenário favorável no câmbio, pneus brasileiros ganham competitividade no mercado americano. A combinação de menores custos logísticos, tarifa reduzida e qualidade reconhecida pode impulsionar as exportações do Brasil para os Estados Unidos.
Essa dinâmica pode reconfigurar o setor de pneus no Brasil, com maior participação de produtos importados no consumo interno e uma indústria nacional mais voltada à exportação.
O tarifaço imposto pelos Estados Unidos, além de movimentar o cenário geopolítico do comércio exterior, promete alterar fluxos logísticos, estratégias de importação e exportação e até preços praticados no Brasil. Enquanto consumidores podem se beneficiar com preços mais baixos, a indústria nacional de pneus enfrenta o desafio de se manter competitiva - ao mesmo tempo em que vislumbra oportunidades no mercado internacional.
Para empresas envolvidas na logística internacional e no transporte de carga, entender essas mudanças é essencial para adaptar estratégias, otimizar custos e identificar novas rotas de negócio.