Importação de produtos chineses bate recorde e acende alerta no governo brasileiro
A crescente entrada de produtos chineses no Brasil durante os primeiros cinco meses de 2025 acendeu um sinal de alerta no governo federal. Segundo dados oficiais, entre janeiro e maio deste ano, o Brasil importou US$ 29,5 bilhões em mercadorias provenientes da China - um salto de 26% em relação ao mesmo período de 2024, quando o total foi de US$ 23,3 bilhões.
Enquanto isso, as exportações brasileiras para o gigante asiático seguiram na direção oposta, com uma queda de aproximadamente 10%, ampliando o desequilíbrio na balança comercial bilateral.
Principais Produtos Importados
Entre os produtos que puxaram esse crescimento nas importações chinesas estão insumos químicos e fertilizantes, compostos organo-inorgânicos, substâncias utilizadas na fabricação de medicamentos, defensivos agrícolas e aditivos industriais. Esses itens são amplamente utilizados na indústria brasileira e no agronegócio, o que explica a crescente demanda.
No entanto, a maior preocupação do governo gira em torno de dois setores estratégicos para a indústria nacional: o aço e os veículos elétricos chineses. A entrada expressiva desses produtos no mercado brasileiro acirrou os debates sobre a necessidade de medidas de proteção comercial.
Pressões e Impasses
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) tem pressionado o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) para antecipar o aumento da tarifa de importação sobre veículos elétricos - atualmente em 18%, com previsão de subir gradualmente para 35%. A antecipação da alíquota máxima seria uma tentativa de proteger a produção nacional diante da forte concorrência chinesa, que oferece modelos mais baratos e competitivos.
Por outro lado, o governo chinês tem pleiteado uma redução dessas tarifas, buscando maior acesso ao mercado brasileiro em meio à sua estratégia global de expansão dos veículos elétricos.
Até o momento, o governo brasileiro não se posicionou oficialmente sobre nenhum dos dois pleitos, mantendo a tensão entre os interesses da indústria nacional e os compromissos comerciais internacionais.
Impactos e Próximos Passos
Especialistas do setor de comércio exterior alertam para a necessidade de um equilíbrio entre a proteção da indústria local e a manutenção de relações comerciais saudáveis com a China, o principal parceiro comercial do Brasil.
Além disso, o crescimento das importações chinesas pode ter impactos diretos na balança comercial, nos empregos da indústria nacional e na competitividade das empresas brasileiras, especialmente em setores mais sensíveis como o automotivo e o siderúrgico.
Enquanto o governo avalia possíveis respostas, o cenário evidencia a complexidade dos desafios enfrentados pelo Brasil no contexto do comércio internacional e da reindustrialização sustentável.